sexta-feira, novembro 04, 2005

SEGRedo(-tE)


E, sem que o sol possa baixar mais no horizonte,
O redondo dos olhos banha-se no mar salgado
Das lágrimas de que o meu sofrimento é fonte.

E, sem que os lábios possam voltar a provar-te,
Deslizas na memória, sorridente, tal como antes
Quando me abraçavas, já tarde, a aninhar-te.

Pois, se a balança pende agora no prato da sorte,
Não tarda a vingar-se, sorrindo ao pesado destino
do outro prato, em que um menino
pousa a mão fingindo-se forte.

É com esta inocência dos eventos
Que o nó se instala, apertado na garganta,
Impedindo a fala.

E finalmente, no segundo de um suspiro, apertou
A dor que hoje cresce e que não existia
Sem descanso, sem fim,
Estanque, parado, nem me mexia.
Agarrado ao corpo, agarrado a mim,
Querendo cessá-la, e não conseguia.

E afinal, apenas agora começou...

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