A Casa da Música, em Lisboa!
Silêncio.
Como odeio o silêncio.
Por ser ausência de vida, ausência de movimento, ausência de tudo...
É por isso que ao deitar, embrulhado no misto de lençóis e cobertores, e embalado num conforto invisível aos ouvidos e não aos olhos, sinto um aperto no coração, e peço para adormecer rápido.
Penso na morte, no fim dos movimentos, no fim de tudo.
Justifica-se, pois, este meu gosto, ou melhor, esta minha necessidade de "ouvir" as melodias pessoais de quem respira fora das minhas janelas.
Mas sou exigente.
Gosto de ouvir os sons de olhos fechados, recriando as fontes sonoras a partir da escuridão inicial da imaginação, tal e qual como um quadro de ardósia começando a ser rabiscado. Este método tanto se aplica às melodias cosmopolitas, como aos registos finitos gravados nos pequenos círculos com nome de marca portuguesa de meias ("Com Cd quem ganha é você!").
Há, no entanto, quem nos facilite, o já por si enorme prazer de sonhar acordado, mãos mágicas que em parceria com um apuradíssimo ouvido, concebem aparelhos que tornam as coisas fáceis ao ponto de nos criar a ilusão perfeita de estarmos a assistir, de olhos bem abertos, a um concerto privativo "daquele" cantor, intérprete ou músico ali na nossa sala,
Sentado num sofá ou numa poltrona, julgando que são os olhos que nos atraiçoam, porque ouvimos os suspiros do artista, contudo sem o conseguirmos ver.
Quem não conhece a sensação, só tem uma solução:
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