Bruxelas IN
Este ambiente é estranho.
Aqui, a maioria dos portugueses que não se conhecem têm dois comportamentos:
1- Desatam a conversar aos altos berros, escudados por uma falsa noção de segurança, julgando que não serão entendidos, o que às vezes pode gerar situações verdadeiramente embaraçosas já que Bruxelas é uma cidade "ocupada".
2- Mal se apercebem da presença próxima de compatriotas, silenciam-se, como se tivessem vergonha dos lusos que cá vieram ganhar a vida, como se não se quisessem misturar com esta "gentinha". Fazem de tudo para que não se gere um diálogo que os rebaixaria, limitando-se a olhar fixamente nos olhos como se os enxotassem mentalmente.
São estas as duas principais razões para poder afirmar, com convicção, que é muito fácil detectar um português por estas bandas.
Mas este sentimento de repulsa existe também nos nativos, cada vez menos nativos, que se limitam a determinar com olhares rapidíssimos a nossa origem. A distinção é feita deste modo: belga; não belga.
Xenófobos?
A verdade é que todos os povos coabitam, têm o seu lugar na cadeia alimentar dos humanos e ninguém se chateia com isso, mas são os silêncios que mais revelam o profundo desprezo por estes estrangeiros cada vez mais nativos.
Apesar de tudo, limito-me a responder com o mesmo desprezo, não esquecendo os bons modos que insistem em acompanhar os seus olhares de reprovação.
Afinal de contas, dinheiro é dinheiro, independentemente da sua origem.
O euro tem as suas vantagens, ao menos já não olham para as nossas notas com a desconfiança com que ouvem o nosso luso-francês
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