sexta-feira, janeiro 09, 2004

Desabafos da Alma



As boas conversas não têm tempo.
Não se contam os segundos, nem se ouvem bocejos.

Alguém que me encontrara já bem pela noite dentro, nas ruas de Lisboa, um amigo, sentava-se agora ao meu lado. Os vidros corridos do carro, prendiam os pensamentos e os vocábulos que bem se esforçavam para sair. Em vão, ou não fosse o encaixe das janelas, uma cela transparente. Corrijo, o translúcido dera lugar a um embaciado bem revelador de que dentro do habitáculo, não só se disparavam confissões, experiências e sobretudo o cansaço do trabalho, mas também que nenhuma das palavras, tão secretamente proferidas no interior do meu confessionário móvel, ecoaria nos prédios que nos rodeavam.

Sabia, por todo um acumular de silêncios, que precisava de partilhar, de receber apoio, ou apenas de alguém que o ouvisse.

Fala.

Nessa noite, não sei como, o ponteiro dos minutos foi mais rápido do que o dos segundos.
Quando liguei o carro, o ar condicionado fez desaparecer os rastos do sigilo...e eu, dormi 15 minutos antes de ir para as aulas da Ordem.
15 minutos, mas dormi...

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