sexta-feira, agosto 16, 2013

Now boarding...

O vulto arrumava os seus pertences e preparava-se para ir para a fila. 

Num ápice, abriu-se o gate e logo atravessaram o asfalto do aeroporto a pé até ao avião.

Frederico, sempre atrás em contra luz...

Nesse instante, o indivíduo leva o telemóvel ao ouvido, depois de um toque insonoro e pára. Olha em redor como se procurasse alguém no seu rasto e contra todas expectativas inverte a marcha e começa a dirigir-se novamente para a porta de embarque.

Encadeado, Frederico não percebe exactamente onde está o homem, nem para onde está a olhar. Por isso, baixa os olhos e finge estar a procurar o lugar no bilhete. O vulto aumenta a velocidade, sempre com o telemóvel em riste, e apesar de não dizer uma palavra percebe-se que está determinado e furioso. 

Frederico levanta os olhos para procurá-lo no preciso momento em que é sacudido pela mochila tropa do "dito". Não se ouviu "desculpe" nem "não faz mal", mas apenas "ah... Aqui está ele". 

O homem estancara-se depois de ultrapassar Frederico e retomara, agora atrás dele, o afluente humano seguindo o seu curso.

Nunca é fiel a descrição do incómodo sentido por quem é seguido e tem essa precisa consciência. 

Frederico não controlava nada e qualquer manobra para retomar a sua posição de vantagem visual e estratégica era agora impossível e contraproducente.

Para piorar as coisas sentia a respiração acelerada do homem que parecia ter quase 2 metros. Teria sido descoberto?

A fila humana abranda e pára junto ao avião e a mochila volta a tocar-lhe, mas agora nas costas de Frederico.

"Ele está mesmo aqui..."






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