Naquela noite, foi o teu perfume
que me atravessou por inteiro.
Como o obsessivo ciúme,
Que com estoque no peito
Perfura ligeiro.
Mas o odor fabricado,
Cujo nome não repito
Tal o medo de me contaminar
Com o amor já mito,
Teima em pegar-se a mim.
A ficar.
E quando o cego ama
Em silêncio neutro de terceiro,
Eis que a memória trama:
Encurrala o touro
Entre o cavaleiro e a chama.
(2)
E quando o cego ama
Em silêncio neutro de terceiro,
Eis que a memória me trama:
És quem diz que Ama,
E rejeitou primeiro?
Soa a corneta afinada:
Termina o sofrimento!
Na arena, a espera concertada
Pelo lamento do animal,
Que com a espada enfiada
Morre de amor,
no final.
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