Sabre
Olhos vidrados.
Imóvel.
Trémulo...
Suave a lâmina, desfaz...
Corta, separa, divide, retira incisão a incisão, a unidade...
Jorra firme, mas verdadeiro o sangue pelo interior.
Desfalece a vida e a vontade de viver...
Nasce a vontade, um segundo, um acto abreviado. Um salto sobre "the oblivious", sobre um Décimo (10º) segundo que demoraria menos do que apenas um deles.
A loucura do fim, o desejo da facilidade e a lâmina outra vez que me relembra a cisão, o desmembramento, a violência, e ao mesmo tempo, o silêncio.
Sofre em silêncio.
Ninguém escuta o corte, o trinchar da cobaia.
Cede à experiência, lentamente, pesadelo a pesadelo, o elenco certo de enumerado de orgãos.
E tudo se apaga, uma a um, desconectados com a fonte, livres, sem sentido, como num manual de anatomia.
Tremem. Como tremem as mãos.
Metal afiado que desliza continuamente.
Não existe dor. Maior.
Não ao cubo sem resposta, sem amor.
Agora a duas mãos, numa pintura sem pincel delineada pelos traços finos de encarnado, pela agonia invisível e o pânico, o medo, o fim.
Cai o sabre.
Prossegue o corte, ramificado, desenfreado, sem razão ou meta definida.
E destrói a unidade, o ser....
Membro a membro, desmonta o H imperfeito.
Sem hipótese ou vida extra.
Solta o braço ao som da gravidade.
O olhar vidrado rebola pelo pavimento.
O sorriso rasgado pelo movimento.
Os dedos separados, torcidos.
Jaz, deitado, o resto dos restos, a sobra, o noves fora nada.
ZERO.
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