O Vício do Direito
A Cena decorre dentro duma carruagem do metro. As personagens acabam de entrar. O barulho do costume. As pessoas do costume.
Ricardo – Acabei de picar a porcaria do bilhete e já não sei onde o pus. Todos os dias a mesma coisa ... ... ... olha dá-me um cigarro.
João – Agora? Não podes fumar aqui dentro.
Ricardo – João, por favor não me chateies com as regras dos teus queridos códigos, que eu hoje não tenho paciência. Dá-me lá um cigarro.
João – Olha à volta. A carruagem está a abarrotar, queres matar-nos a todos com o fumo? Além disso, está ali o sinal: Proibido fumar.
Ricardo – E ao lado do teu sinal está outro que diz para ninguém se encostar às portas, e no entanto.....
João – Mas isso é porque o metro está cheio.
Ricardo – Óptimo, então dá cá o tabaco que eu também estou cheio de vontade de fumar.
João – Aguenta um bocado, saímos daqui a duas estações, custa-te muito?
Ricardo – Vê lá se não guardaste o meu bilhete juntamente com o teu... isto é inacreditável.
João – Não guardei...
Ricardo – tens a certeza? Vê lá se fazes favor.
João – Tenho a certeza.
Ricardo – Claro, tu tens passe. Também tenho de arranjar um desses novos. Tem fotografia não é? Mostra lá.
João – Não tenho passe. Já leste as cláusulas da proposta? Que Roubo! Primeiro...
Ricardo – Poupa-me os pormenores jurídicos.
João – E é por isso que não guardei o teu bilhete juntamente com o meu.
Ricardo – Desculpa, mas o leigo não entendeu esse raciocínio.
João – Não tenho bilhete. São só duas estações. Entrar e sair. Nem sequer é início do mês e a probabilidade de apanhar um fiscal é reduzidíssima.
Ricardo – Quem havia de dizer... o senhor lei não sei quê barra 2000 e tal.
Uma atitude deplorável...que corresponde a 8 contos de multa.
Pensando melhor, dá-me dois cigarros....um por cada estação.
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