segunda-feira, abril 30, 2007

Vício de Palco



Hoje voltei a sentir saudades.
Saudades de pisar um palco em comunhão com o público, com o texto e, sobretudo, com os meus colegas actores.

Na verdade, assumo-o hoje, ando desapontado e desiludido com o doce abandonar da Cena por parte de alguns dos meus colegas, que fartos dos encontros e desencontros da vida, a ela sucumbem e partem.

Por cá ficam o prazer, o desejo de fazer um bom trabalho, e acima de tudo, o imenso respeito pelo público.


E foi preciso ter ido ver hoje o "Tartufo" à Comuna, para ter coragem de o dizer, ou melhor, de o escrever.

Sentir os actores a gozarem o texto, com suas vozes colocadas, e gestos a condizer.
O Público atento e exigente, à procura de uma pequena falha...

O Respirar em cena, as deixas, os fatos, os agradecimentos, os cenários, e os técnicos.

Tudo o que me fascina e de que tenho muitas saudades.

Estão a deixar o Cénico de Direito Morrer, mas desta vez.... é por dentro, e sem respeito nem interesse.

Resquícios

Percorri as tuas fotografias.

Todas me mostravam uma imagem limpa e reluzente.

E nunca uma confusa ideia de amor pendente:

O teu olhar perdido em mim,

E certezas sem fim.


Os lábios pousados no meu pescoço

vendo-me partir para os sonhos

velando pela minha beleza

dizias “tão belo o moço”.


E devagarinho me apertavas com firmeza:

Meu amor, fica comigo

Sem ti não posso…

Tudo perdido pela estupidez natural

Um sentimento cego e desgraçado

Longe de amar, de ser namorado

Mas um amigo especial!

sexta-feira, abril 20, 2007

Auto-controlo

Estar só tem-me permitido pensar.

Não penso muito, mas aprofundo os pensamentos, e com isso tenho tido algumas surpresas.

Reconheço que um dos meus traços principais é a impulsividade.
Na maioria dos casos funciona a meu favor, mas se fosse crente nos signos, o facto de ser gémeos dar-me-ia uma boa desculpa para justificar a conclusão a que cheguei.

É que a impulsividade tem-me trazido, ultimamente, alguns problemas.
Reajo de forma agressiva e violenta psicologicamente no relacionamento com as pessoas de quem mais gosto. Quase numa lógica de exigência de actos, atitutes e gestos, que fiz com que deixassem gradualmente de ser espontâneos nessas pessoas (namorada, mãe, familiares, etc), até que foram desaparecendo.

E penso um pouco mais.
Em silêncio, sem desesperos, sem medo de perder ou de me faltar o ar.
Na verdade, começo a sentir que ganho algo de novo, nova bagagem para lidar com os outros.
O primeiro passo: reconhecer através da constatação surpreendente daquilo que hoje sou, e naquilo que me tornei.

Isto porque nem sempre fui assim.

Isso implica, outra atitude drástica e dura, a de admitir que errei, várias vezes, muitas vezes, e que nenhuma relação termina ou se deteriora, por culpa exclusiva de um. Melhor ainda, a palavra culpa não é a adequada.
Falemos de causa-efeito.
O que é que levou em mim, na minha maneira de agir, a que outrem agisse daquela forma.
Falemos de comunicação, da falta dela, de dificuldades ou pura e simplesmente de incapacidade.

Quando duas pessoas se escolhem pela silenciosa atracção do sentimento, deixam-se ir num caminho leve e paradisíaco, que se caracteriza pela total e inequívoca ausência de problemas.

O Sentimento (pre)domina de tal forma (n)os amantes, que mesmo que falem em chinês, ou com comida na boca, tudo corre bem....as palavras não interessam.

Mas as relações não duram só com este sentimento, se não houver de facto algo que permita a dado momento um entendimento entre ambos.
Segundo me é possível perceber, dialogar é essencial. Mas ouvir o outro e o que nos transmite é fundamental.

De novo, uma reflexão acrescida.
Tenho a tendência obsessiva de amar loucamente, de negar a minha personalidade ao ponto, de me perder.
Significa isto, que o resultado final é óbvio (mas só há bem pouco tempo, o que significa que a responsabilidade de não voltar a acontecer no futuro é inteiramente minha e está nas minhas mãos) ACABO POR NÃO DAR ESPAÇO AO OUTRO PARA ME AMAR.

Sei agora, onde errei. É que se nesta expectativa de receber, não virmos o sentimento da pessoa devemos questionar-nos de duas formas: O que é que a impede de me amar? Será ela a pessoa certa? Ou será que tem um problema e não consegue lidar com ele? E se sim, se eu insistir, acabarei por pressioná-la ao ponto de não se sentir bem com isso e incapaz de me amar?

Questões válidas e que agora já sei responder. Curiosamente, agora que te tenho tão longe.

Na Vida, nada é em definitivo a não ser a morte.

Vivo com a certeza de que o que fiz mal ontem me vai ajudar a ultrapassar, nas minhas relações futuras, as ratoeiras da vida, do amor, e da incerteza.

Essencial?
Não entrar em desespero, fugir do efeito funil, do cair no buraco, da vitimização..... é muito mais importante compreender o que se passou e lidar com isso para o futuro, com a certeza de que tudo vai correr bem.

Porque tudo correrá bem, nem precisamos de acreditar nisso, porque é uma realidade da qual não podemos fugir, desde que..... a queiramos!

E eu quero.

quarta-feira, abril 18, 2007

GAME OVER

Termina hoje a espera iniciada em 29 de Dezembro de 2006.
Há certas coisas, aprendi, que têm um tempo certo.
E que de nada serve esperar ou lutar quando o coração não tem as portas abertas.

Marca-se hoje, em termos de blogosfera, o primeiro dia do princípio da felicidade.

Talvez ainda não consiga ver a Luz ao fundo do túnel, mas agradeço a todos os que me têm confirmado a sua existência, lá longe, onde menos espero.

Que o dia de hoje seja, também, sinónimo de um recomeço neste surfar de palavras, que é a net, e do qual confesso ter algumas saudades.