Ofereceram-me um puzzle, que ia ganhando forma..
Peça a peça, ao ritmo próprio da dificuldade impressa no padrão a reconstituir.
Pensava que qualquer pessoa sabia o que aquilo era, para que servia, e sobretudo a sua razão de ser.
Senso comum?
Engano.
A minha empregada, portadora de um record de objectos partidos, mas dissimulados pelo silêncio da chegada a casa sem qualquer aviso ou papel em jeito de confissão, mostrara-me justamente o contrário.
Cumprimentado pelo brinquinho que está a minha casa no dia em que ela cá vem, reparo no tampo da mesa da sala, descoberto, castanho nu.
O puzzle, outrora em construção naquela tábua central, desaparecera como se o tempo da sua existência não valesse nada, nem tampouco o apurado esgar de garimpeiro amador de quem procura encaixes e buracos certeiros em vez de pepitas de ouro.
Pânico.
Durou pouco, a resposta estava no quarto.
No cantinho da divisão, arrumada pode dizer-se, uma caixa cuja tampa, encaixada, indicava o pior.
As pequenas peças que descobrira irmãs, juntaram-se aos restantes familiares, primos, tios, parentes afastados, moradores do mesmo bairro...AIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!
Pensaria ela que o puzzle estava partido, e num ápice dos seus se apressasse a encobrir a prova do crime?