segunda-feira, junho 30, 2003

E mais um texto.


Desta vez, estamos perante uma pérola da adolescência. A tristeza, a solidão, o amor, todos os fardos duma idade mais ao menos nostálgica daqueles que sentem com o coração. Lamechice para alguns, eu sei.... mas como referi anteriormente: "ler, leia quem quiser...."


Chove lá fora. Os pinheiros balançam, de cá para lá, embalados pelas vozes abafadas provenientes do interior das casas. As vidraças, almas gémeas opostas, choram do lado de fora por se exporem ao temperamento dos Deuses, enquanto que deste lado se mantêm secas e transparentes.
São muitas as luzes que vejo do meu cubículo, pequenos focos ao longe que simbolizam as preces dos homens. A luz que se acende em nossas casas, obra imperfeita do homem, é não mais que um ritual celebrado em honra do Sol, este sim perfeito porque nunca nos falta (salvo mediante desígnio Superior). Logo, essas preces têm como finalidade pedir aos senhores do Universo que o sol volte a iluminar no dia seguinte.
E mesmo que as pessoas já cansadas “desistam do ritual” durante a noite e apaguem esses focos, os dirigentes de cada país garantem que algumas luzinhas espalhadas pelas ruas e pelas estradas, mais persistentes e curiosamente mais altas (talvez para se verem melhor), cumpram essa função.
De nariz esmagado no vidro, anseio que me descubram...... alguém que se interesse pelo lado de fora da sua janela e investigue o interior da minha.
Eu que procurava longe nem vi que bem perto, dois olhos escuros sorrateiramente faziam isso exactamente. Quando dei por isso, engoli em seco, como se tivesse sido apanhado a fazer algo não tão próprio, e escondi-me atrás do cortinado. Mas rapidamente a curiosidade venceu a vergonha: começámos a conversar através do olhar.

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