domingo, julho 21, 2013

Leituras


Na cama, um código de barras composto por meias com as letras FM bordadas invisivelmente. Gémeas e clones separados como num jogo de pares didáctico onde o número ímpar antevê dificuldade no reencontro. É um lugar-comum...mas real e, de facto, incompreensível.
Frederico passara a manhã a ler, não o jornal que comprara bem cedo para um familiar de locomoção reduzida e que era carinhosamente tratado pelos familiares com o sufixo "...inho", mas "Os Maias".
- O jornal contém uma alma! - dizia o "inho" - Sei bem quando o leram antes de mim, sente-se logo no toque!
Não fosse ter razão, o jornal permanecia intocado... Com excepção de uma chamada de página lida à distância de quase 2 metros.
A imaginação centrava-se, agora, em João da Ega rindo-se durante minutos com a actualidade da seguinte passagem:

" « - Enfim – exclamou o Ega -, se não aparecerem as mulheres, importam-se, que é em Portugal para tudo recurso natural. Aqui importa-se tudo. Leis, ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, estilo, indústrias, modas, maneiras, pilhérias, tudo nos vem em caixotes pelo paquete. A civilização custa-nos caríssima, com os direitos da Alfândega: e é em segunda mão, não foi feita para nós, fica-nos curta nas mangas…"

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