sexta-feira, setembro 19, 2003

Eu conheço o Bin Laden



Lembram-se do Programa "Você Decide"?
Uma história controversa com dois finais à escolha.
Para se definir qual o final a exibir, bastaria que os espectadores ligassem para um determinado número elegendo o desfecho desejado.
Vou propor-vos um raciocínio semelhante.
Imaginem que são uma pessoa perturbada, talvez mesmo desequilibrada mentalmente e que no limiar de uma enorme angústia decidem captar a atenção dos restantes "fellow citizens" sequestrando vários alunos numa escola.

Agora a parte difícil....

Se quisessem ser levados a sério, que diriam:


A) Sou o John Doe, tenho 34 anos e detesto o sistema de pensões americano, a minha família odeia-me, a minha mulher deixou-me e as Finanças pretendem tirar-me tudo o que tenho, casa, mobília.
Tenho aqui sequestrados 20 jovens estudantes. Em troca da sua libertação, pretendo a minha vida de volta. Têm 30 minutos.


B) Sou John Doe, membro da Al-Quaeda e sequestrei 20 jovens estudantes, cuja vida depende da satisfação das minhas exigências.
Têm 30 minutos.

O pânico estabelecido pelo véu dos atentados do 11 de Setembro, levar-me-ia a escolher a 2ª hipótese, apesar do substrato, ou seja de na realidade se tratar de mais uma pessoa perturbada, comparativamente "inofensiva".

O medo provocado pela total ausência de limites, de valores e de meios de impedimento das acções terroristas da Al-Quaeda, leva a que tudo o que esteja relacionado com esta organização seja considerado mais delicado.

Este pequeno raciocínio leva-me acreditar que o sequestro de ontem, independentemente do carácter fictício dos factos que apresentei, foi apenas mais um pedido de atenção de mais um pobre Americano deveras perturbado.
Senão vejamos, qualquer membro da Al-quaeda desempenha a sua função com um dado adquirido, o de que pode morrer na sua missão. A sua missão, pode inclusivamente ser morrer pelos interesses que defende.
Não há lugar a negociações. Tudo é simbólico e paga-se, eventualmente, com a própria vida.
Ora alguém que admite negociações, que cede perante as entidades que supostamente odeia ao libertar alguns reféns, não é feito da mesma massa, nem se rege pela mesma ausência de valores que um homem que pilota um avião, carregado de passageiros, contra um prédio.

É uma visão do Sequestro de ontem.

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