segunda-feira, setembro 08, 2003

Por favor, onde fica o WC?



Quando: hora do jantar, um dia destes.
Local: Restaurante típico em Bruxelas, junto à Praça Principal - "Grande Place".
Prato: 1 dose de Moules mariniéres (1Kg de mexilhões!)
Bebida: Água e vinho Branco.
Efeito: casa de banho mais próxima - stop- com urgência.

Dado o mote, vamos à história.
A verdade é que estava aflito, muito aflito. Mas a ocasião, o lugar e as circunstâncias não permitiam que as expressões faciais fossem fidedignas ao "interior".
Os criados baloiçavam-se, de cá para lá, como se navegassem pelos corredores , e todo aquele movimento contínuo só me enjoava ainda mais.
- Ao fundo, à direita e depois novamente à direita - lá me disseram adivinhando pelo meu ziguezaguear.
Finalmente, lá encontro a porta dos "cavalheiros", e quando me preparo para....fazer o que tenho a fazer... (contracção/descontracção) vejo a sanita mais estranha que já vi até hoje. Não seria a curiosidade das formas, paralelepípedo e respectivo cone à frente, mas a de algumas ranhuras, muito estranhas que sobressaíam e escamoteando funções que só os belgas conheceriam.
A estranheza do objecto não me demoveu, nem apaziguou a terrível necessidade e foi então que, preparado para fechar literalmente os olhos à diferença, levanto o assento e... este não se segura.
O aperto é cada vez maior, estão preenchidas as premissas e contudo este silogismo sui generis não é lógico: se para haver Alívio é preciso haver uma casa de banho e se há uma casa de banho, logo haverá.... que treta o tampo continua a não aguentar-se sozinho em pé!!!!!!!!!!!!!!!!
Em completo desespero, já sem medo das ranhuras enigmáticas, do assento em baixo-relevo, e violando os ensinamentos do papá e da mamã, foi mesmo com o assento para baixo.
Como não tenho palavras para descrever o que senti, escuso-me a tentar inventá-las, digo apenas que foi um grande, grande alívio.
Já num silêncio mental, lá ganho forças para puxar o autoclismo. Então, um zumbido forte invadiu o compartimento, e o rectângulo rodeado pelas ranhuras avança sobre o tampo e sem que pudesse adivinhar, o assento começa a rodopiar.
Um sistema de limpeza automático, sem papéis, sem botões estranhos, sem avisos nem instruções.
Tudo ao alcance de um dedo, no toque banal de quem se prepara para abandonar quatro paredes de sofrimento.
Voltei para a mesa, ainda incrédulo por ver um assento que rodava 360° e grato pelos mesmos papá e mamã me terem ensinado a puxar o autoclismo só depois de me levantar - Que futuristas!

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