Num ápice, abriu-se o gate e logo atravessaram o asfalto do aeroporto a pé até ao avião.
Frederico, sempre atrás em contra luz...
Nesse instante, o indivíduo leva o telemóvel ao ouvido, depois de um toque insonoro e pára. Olha em redor como se procurasse alguém no seu rasto e contra todas expectativas inverte a marcha e começa a dirigir-se novamente para a porta de embarque.
Encadeado, Frederico não percebe exactamente onde está o homem, nem para onde está a olhar. Por isso, baixa os olhos e finge estar a procurar o lugar no bilhete. O vulto aumenta a velocidade, sempre com o telemóvel em riste, e apesar de não dizer uma palavra percebe-se que está determinado e furioso.
Frederico levanta os olhos para procurá-lo no preciso momento em que é sacudido pela mochila tropa do "dito". Não se ouviu "desculpe" nem "não faz mal", mas apenas "ah... Aqui está ele".
O homem estancara-se depois de ultrapassar Frederico e retomara, agora atrás dele, o afluente humano seguindo o seu curso.
Nunca é fiel a descrição do incómodo sentido por quem é seguido e tem essa precisa consciência.
Frederico não controlava nada e qualquer manobra para retomar a sua posição de vantagem visual e estratégica era agora impossível e contraproducente.
Para piorar as coisas sentia a respiração acelerada do homem que parecia ter quase 2 metros. Teria sido descoberto?
A fila humana abranda e pára junto ao avião e a mochila volta a tocar-lhe, mas agora nas costas de Frederico.
"Ele está mesmo aqui..."
Sem comentários:
Enviar um comentário