segunda-feira, julho 07, 2003

Ensinar (ao) Português na África do Sul



Confesso que raramente leio jornais.
Mas, confesso que nas raras vezes que o faço, debruço-me quer sobre o Público quer sobre o Expresso, não sendo usual passar sequer a vista por cima das letras grandes dos tablóides.
Mas há dias, num momento de distracção imperdoável, deixei que um título me entrasse pelos olhos a dentro..."Professores vítimas de terrorismo".
Não queria acreditar que uma espécie de onze Setembro se repetisse anos depois, desta vez tendo como vítimas os pobres e mal pagos professores portugueses. Custou-me, mas lá consegui abrir o "Tal e Qual" e comecei a ler o artigo. Ao que parece, anda uma tal de Coordenadora do Ensino do Português na África do Sul a exercer uma política de "faz o que eu digo , não faças o que eu faço" invocando, em anexo às ordens que emite discricionariamente (reparem na escolha criteriosa do vocábulo "discricionário" e que significa: sem restrições; arbitrário; caprichoso; ilimitado.) as suas relações perigosas com "alguém" no Ministério, que alimenta e permite o tal comportamento "sem restrições".
Ora, eu não costumo acreditar em tudo o que leio, nem em tudo o que ouço, e por isso houve que comprovar esta história tão bombástica e tão inacreditável, que a ser verdade indiciaria uma situação sem precedentes no nosso paí­s: uma luso-ditadora!
Segundo fontes muito seguras, MESMO, parece que numa versão meio apagada de poder ditatorial, por depender desse "alguém" do Ministério, a dita Coordenadora controla, a pulso de ferro (esta metáfora não tem qualquer conotação política), mais de 30 professores, sendo que alguns, talvez pela experiência de vida num regime em tudo semelhante, conseguiram ter a coragem de comprovar a veracidade da notícia junto dos jornalistas.
O problema e cerne da questão, é o facto de se tratar duma realidade que tem lugar a muitos milhares de quilómetros da nossa pátria, sendo que ao belo modo português de "dolce fare niente, niente, niente... ... And so on, and so on.....", apesar do acumular das crí­ticas e das queixas, ninguém faz nada.
Em tom de brincadeira, já têm alguns Sul-Africanos perguntado se o nome dessa Senhora é uma alcunha atribuí­da pelos professores ou consta efectivamente como nome próprio, no seu Bilhete de Identidade. É que o seu nome significa Raiz em inglês, a "raiz de muitos problemas".

Solução?

Se continuarmos a ser um povo distante e sobretudo com memória muito curta, não tenho dúvidas que os coitados dos professores à semelhança dos navegadores que por lá passaram terão de continuar a enfrentar "as tormentas" apenas com uma "boa esperança": ou dão "cabo" da situação, ou esta dá "cabo" deles.

Mas parece que o assunto já está a ser conhecido e discutido por cá, apesar da rolha ministerial que algum "canalizador" dos conhecimentos das Sra. Raiz tenta usar e que apenas superficialmente tapa o ralo das suas asneiras e incompetências.
Alguns professores têm mesmo demonstrado, recentemente, um maior optimismo convencidos de que a situação está ou vai resolver-se em breve.
Será que estão a par de alguma informação que nos escapa, por exemplo, que a Sra. Raiz abriu um estabelecimento comercial em Joanesburgo?

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