segunda-feira, julho 14, 2003

O Parcialóide apresenta:
"O especialista" by Dr. Afável Martins



O Parcialóide dá voz a todos os "cromos" de Portugal mas sobretudo a quem revele um enorme Narcisismo (por favor não mandem mails políticos. Narcisistas Não São Apoiantes de Narciso Miranda!).
Todas as semanas, será eleito o parcialóide de Honra, uma individualidade que reúne todas as características de excelência e de qualidade, capaz de discursar horas a fio, sem se cansar, falando apenas, só e exclusivamente de si (num longo monólogo).
Quanto a nós, tentaremos o impossível: um diálogo com o parcialóide da semana.


E esta semana, a personalidade escolhida foi o Dr. afável Martins, reconhecido não só pelo seu apurado sentido de Ética profissional, mas também, pela mundialmente conhecida, capacidade de diagnóstico à distância.

Não se confunda o leitor, trata-se efectivamente dum diálogo, ou melhor, de uma entrevista, mas por qualquer razão apenas fomos autorizados pelo ilustre Dr. a editar as suas respostas. O que prometemos, cumprimos...

Dr. Afável Martins - ...ainda bem que fala nisso. Ora aí está um tema interessante: a separação de gémeas siamesas. Não sei se sabe, mas sou um dos maiores e melhores especialistas na matéria... ... ...

-...bem, isso aconteceu porque durante uma operação conservei o meu telefone móvel desligado, e o senhor sabe, estes assuntos requerem alguma celeridade, e não me tendo "apanhado", a urgência da intervenção exigiu uma mobilização rápida dos melhores especialistas. Por isso e com muita pena minha, não pude participar... ... ...

- ...não. Quando digo pena, quero dizer que poderiam ter gasto muito menos dinheiro na intervenção e com resultados bem diferentes.
Como? Meu amigo, já fiz centenas de operações do género. Tenho uma visão muito clara: separar é tão simples como cortar e remendar. Tiramos daqui, compomos ali e se for preciso lançamos uma moeda ao ar e decide-se para que lado devemos deixar o fígado. Tudo sem responsabilidades, já que normalmente as pessoas reconhecem tratar-se duma intervenção de risco. É ser-se Deus, e para isto basta uma pessoa, um especialista, eu.
Repare, costumo estar sozinho a operar, o resto são alguns braços que me vão dando instrumentos, que me limpam o suor da testa, são acessórios e quase em nada contribuem para a técnica em si. Se julgar que sim, é porque não entende nada do assunto, e por alguma razão me está a entrevistar.... quer dizer, veio ter comigo para saber um pouco mais....é isso que quero dizer.

- Sim, tenho pacientes que vêm dos mais diversos lugares. Como vê, não sou um mero cirurgião “local”. Mas, foi realmente em Portugal que adquiri o reconhecimento, sobretudo em virtude dos resultados positivos que tenho obtido. Há mesmo quem diga que o faço com uma perna às costas. Uma afirmação curiosa, já que em muitos casos é literalmente isso que sucede.

- Muito bem, mas voltando à separação das gémeas siamesas com 29 anos. Os dados que soube por alto, permitem-me dizer, com toda a convicção, que houve um excesso de zelo em resultado de uma enorme incompetência. E tanto o foi, que já estava preparado para propor à mãe das criaturas, digo pacientes, que as transportassem até Portugal, para poder proceder à separação... Não, claro que não seria perigoso transportá-las, elas passariam a maior parte do tempo da viagem a dormir, tal foi a dose de anestesia administrada. Aliás, é na neste aspecto que mais critico os médicos intervenientes, que muito provavelmente, estão mais habituados às medicinas orientais do que a critérios fiáveis, do que a opiniões credíveis e infalíveis dos médicos especialistas ocidentais.
A minha tristeza deve-se a esta certeza pessoal de que seria capaz de as separar em muito menos tempo, sim porque para o resultado obtido, eu sozinho, necessitaria apenas de uns meros 10 segundos, sendo escusado pagar a tanta gente o que só um técnico especializado poderia receber.

...Formei-me numa das melhores Universidades mundiais de Medicina.......Bem, acho melhor terminarmos por aqui...



Próximo Parcialóide..... "a originalidade no plágio" by Pálida Pinto Correia

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